top of page

São Paulo Futebol Clube, uma história de amor, uma década de incertezas

Como um clube que sempre prezou por títulos, gestão e valorização de atletas viu tudo desmoronar nos últimos anos e passou a ser coadjuvante no futebol brasileiro

Por Bianca Candido Teixeira

Foto_abertura_da_matéria.JPG

Último título oficial do São Paulo, a Copa Sul-americana de 2012/ Imagem cedida pelo SPFC/ Crédito: saopaulofc.net

 

Quando ganhou a Copa Libertadores da América em 2005, o Mundial de Clubes no mesmo ano e o tricampeonato Brasileiro em 2006, 2007 e 2008 tudo parecia perfeito para a equipe do São Paulo Futebol Clube. O tricolor foi eleito o segundo melhor time do século XXI (2001 a 2011) na América do Sul, pelo ranking da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS).

O São Paulo era motivo de exemplo para clubes brasileiros e internacionais, mas muita coisa mudou nos últimos anos, e o clube que antes era visto como destaque de todas as competições e passou a ser mero coadjuvante e viu rivais como Corinthians, Palmeiras e Flamengo começarem a ganhar títulos e investir pesado em contratações importantes que deram resultados dentro e fora do campo. A equipe do Morumbi viu tudo que era motivo de orgulho, como, a gestão, o time, a gana por títulos ficar de lado.

Em enquete realizada com 122 torcedores são-paulinos,105 responderam que acreditam que o maior problema do clube seja a má gestão administrativa. Na opinião deles é preciso transparência, amor à camisa e ética no trabalho, para que assim o time volte às glórias.

O último título da equipe foi na Copa Sul Americana em 2012, em uma final de apenas 45 minutos contra o Tigre, naquela ocasião a equipe argentina não voltou para o segundo tempo, por que segundo eles a Polícia Militar os ameaçaram com armas de fogo no vestiário, e após 30 minutos de espera para início da 2ª etapa da partida a arbitragem decretou o fim do jogo e anúncio o tricolor como campeão por 2 x 0, daquele que seria o último título oficial da equipe.

Muitos são os questionamentos para que o clube esteja nesta situação, entre elas, muitas trocas de técnicos, só entre 2009 e 2019 passaram pelo tricolor 20 treinadores. Outro questionamento é a gestão da atual diretoria comandada por Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e também o gasto excessivo em contratações que pouco acrescentaram ao São Paulo. A saída do atual presidente em dezembro faz com tricolores fiquem com esperança de algo melhor para os próximos anos, tanto que 108 pessoas que responderam a mesma enquete acreditam que tudo possa melhorar quando ele deixar o clube.

Na visão do jornalista esportivo e dono da página no Instagram SPFC News, Grégori Maraccini Claro, mesmo com a saída do Leco o time não irá mudar de um dia para o outro. É preciso ver quem entrará no lugar dele, a equipe que trabalhará no clube, para que assim comece um trabalho novo. Se permanecer os mesmos não adiantará nada.

Para Anderson Costa, diretor de marketing da Torcida Organizada Falange Tricolor o clube tem muito dinheiro e pouco profissionalismo, é preciso vestir a camisa como antigamente, é necessário os atletas terem garra e disposição para jogar.

Má gestão administrativa

 

 

O último presidente do São Paulo a ganhar títulos foi o já falecido Juvenal Juvêncio, que conquistou na última passagem pelo clube os campeonatos brasileiros de 2006, 2007 e 2008 e a Copa Sul-Americana em 2012.

Depois passou pelo clube Carlos Miguel Caster Aidar, que assumiu em 2014 para um mandato de 3 anos, porém renunciou após 18 meses.

Desde 2015 quem preside o clube do Morumbi é Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, seu mandato acaba no final de 2020. Para o tricolor Pedro Alamino da SPFC Eternamente vários fatores foram primordiais para esses anos de insucesso, mas atual gestão do Leco e a diretoria são os principais culpados por esse fracasso do São Paulo.

Antes de Leco assumir há 5 anos a entidade São Paulo Futebol Clube passou pela maior crise política da história do clube, que culminou na renúncia do então presidente Aidar e após acusações do ex-vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro e mediante acusações outros membros da diretoria também pediram desligamento.

No início deste ano o Ministério Público de São Paulo encontrou movimentações bancárias consideradas suspeitas feitas pelo ex-presidente. A Folha de S. Paulo teve acesso à quebra de sigilo bancário do período de 17 meses, de 2015 a 2016. O MP achou suspeito os depósitos em dinheiro em contas de Aidar, depois do São Paulo pagar R$ 1 milhão ao Monte Cristo, de Goiás, após a venda do zagueiro Maidana para a equipe tricolor. Segundo documentos analisados Aidar movimentou cinco contas durante o período.

Outras polêmicas da sua gestão era empregar familiares, a exemplo sua filha, Mariana Ferri Aidar, que ele nomeou assessora da presidência.

A entrada do atual presidente Leco em 2015 nada mudou a atual situação do clube. Só na sua gestão foram feitas 10 trocas de técnicos, incluindo os interinos. Fernando Diniz o atual técnico do clube é o que está a mais tempo, depois da era Muricy, ele fez um ano agora em setembro comandando a equipe do Morumbi.

Com o Leco na presidência o São Paulo disputou 19 campeonatos e não venceu nenhum. A última oportunidade de Leco ganhar um título como presidente foi com o Campeonato Paulista 2020, contudo a equipe foi eliminada em pleno Morumbi, pelo time do Mirassol, por 3 x 2. Ele teria mais uma chance com Campeonato Brasileiro, entretanto, esse campeonato será finalizado apenas em 2021 devido à pandemia de COVID-19. Em 2020 o time foi eliminado também da Libertadores da América e da Copa Sul-Americana.

Outro quesito importante que a gestão peca é na questão das dívidas. Em julho deste ano o Itaú BBA fez uma análise do clube e o São Paulo chegou a um déficit de R$526 milhões em 2019, apesar de terem arrecadado R$550 milhões com vendas de jogadores. Um dos motivos que atrapalharam essa questão das dívidas é o fato do clube ter ficado muito tempo sem um patrocinador máster. Foram dois anos após a saída da Semp Toshiba, para que uma nova empresa (Prevent Senior) estampasse seu logo na camisa do tricolor.

Diretoria SPFC.png

Diretoria do São Paulo. No centro o atual presidente Leco, e em sentido horário, Guilherme Palenzuela, diretor de comunicação, Eduardo Monteiro, diretor de infraestrutura, Elias Barquete Albarello, diretor financeiro e Raí, executivo de futebol/ Imagens da internet/ Montagem: Bianca Candido Teixeira

 

A ex-coordenadora de marketing e comunicação do São Paulo, Cinthia Cotait disse em entrevista que patrocinadores consideram vários fatores para que sua marca fica vinculada a algum clube, entre eles, o extracampo, o momento, o público e se há alguma estrela no elenco.

“Se um grande clube não está na sua melhor fase, vem a desvalorização. As propostas tendem a baixar e valores idem. Tudo é considerado quando se trata de patrocínio.”

Os gestores esportivos Bia Amorim e João Paulo Romero compartilharam da mesma opinião quando foram perguntados se uma má gestão pode atrapalhar o desempenho na equipe em campo. Ambos falaram que o todo precisa estar em boa sincronia.

O administrativo, as finanças, o psicológico dos atletas e o marketing. É uma junção de fatores para que um clube entregue aquilo que ele promete.

Alguns clubes podem servir de inspiração no quesito, gestão, na enquete foi questionado quais equipes do futebol nacional podem servir de inspiração para grandes feitos, nas opções estavam o Flamengo, Palmeiras, Athletico-PR, Grêmio e Corinthians, e 67 pessoas elegeram a equipe carioca como inspiradora. Só em 2019 eles ganharam o campeonato carioca, o Brasileirão e a Libertadores da América. O Flamengo apostou em um técnico português, desconhecido dos brasileiros, mas que deu certo a curto prazo.

O gestor João Paulo apontou o clube Athletico-PR como inspirador, com um olhar mais crítico ele diz que, a equipe nos últimos cinco anos teve uma grande evolução em todos os quesitos, tanto econômico/financeiro, quando dentro das quatro linhas.

Cinthia Cotait, também afirmou em entrevista que as coisas são dificultadas no Brasil e não faltam bons profissionais, mas faltam forças para mudar o sistema que segura a evolução do esporte no Brasil.

 

 

Fundo preto e branco aspas Citar Curto (

 

Muitas mudanças de técnicos

 

Depois da era Muricy Ramalho que foi de 2006 a 2009, quando o São Paulo foi tricampeão brasileiro, o clube trocou de técnico 31 vezes, contando interinos, idas e voltas. O técnico que mais tempo está à frente do cargo é, Fernando Diniz, que completou um ano agora em setembro.

O time do Morumbi é um dos clubes que mais tem rotatividade de técnico. Uma pesquisa do Observatório de Futebol do Centro Internacional de Estudos de Esportes, o CIES, fez um levantamento com 766 equipes de futebol no mundo e o São Paulo é 14º com maiores trocas de treinadores. Só entre 2016 e 2019 foram 12 trocas.

Técnicos_do_SPFC_(1).png

 Últimos 20 técnicos do SPFC, Muricy Ramalho, Milton Cruz, Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Paulo César   Carpegiani, Adílson Batista, Emerson Leão, Ney Franco, Juan Carlos Osorio, Paulo Autuori, Edgardo   Bauza, Doriva, André Jardine, Pintado, Rogério Ceni, Dorival Júnior, Diego Aguirre, Vagner Mancini,   Cuca e Fernando Diniz/ Imagens da Internet/ Montagem: Bianca Candido Teixeira

 

No questionário feito 120 torcedores apontaram que trocas constantes atrapalham o desempenho da equipe em campo. No olhar de Anderson Costa o clube age de maneira errada quando faz isso, pois a instituição São Paulo Futebol Clube vê que o profissional precisa de tempo para desenvolver o trabalho, mas mesmo assim o demite porque não está vindo o resultado imediato.

O diretor de marketing acredita que não é preciso jogar bem, fazendo um bom trabalho está de bom tamanho.

Durante essas inúmeras alternâncias alguns técnicos saíram sem deixar boas lembranças, entre eles está André Jardine, que 26 torcedores apontaram como o pior treinador que passou pleno clube nesses últimos anos. Ele saiu do comando da equipe no início de 2019, após perder na fase Pré-Libertadores, em uma partida contra o Talleres. No tricolor ele fez 19 partidas, sendo sete vitórias, dois empates e nove derrotas, com um aproveitamento de 36,8%. Grégori Claro tem o mesmo pensamento que a massa, para ele, André, foi um monstro nas categorias de base, mas quando foi efetivado para o profissional as coisas não deram certo, foram quatro meses horríveis.

“É diferente você treinar Cotia e treinar o futebol profissional, muitos jogadores sentem muito o impacto.”

Indo na contramão deste pensamento Pedro Alamino acredita que o pior técnico que passou pelo São Paulo foi Doriva, que comandou a equipe em apenas sete jogos, perdeu quatro, ganhou dois e empatou um. Para o mesmo o desempenho do técnico era muito ruim.

As inúmeras trocas podem atrapalhar tudo, inclusive uma temporada inteira de clube, com o São Paulo não é diferente, para os torcedores a temporada 2017 foi para esquecer. 59 pessoas a elegeram a pior na contagem entre 2009 e 2019. Naquele ano a equipe teve três técnicos (Rogério Ceni, Pintado e Dorival Júnior) e foi eliminada de três competições em uma semana, Copa do Brasil, primeira fase da Copa Sul-Americana e a eliminação na semifinal do Paulistão contra o Corinthians. No Brasileiro a equipe ficou 14 rodadas na zona de rebaixamento, mas com a chegada de Hernanes que “salvou” o time do inédito rebaixamento e terminou em 13º a competição. Pedro acredita que muitos fatores foram primordiais para aquele ano de fracasso, entre eles, colocar um ídolo como Rogério Ceni no comando da equipe precocemente.

O medo do rebaixamento é comum para vários clubes, tanto que Grégori Claro mencionou que 2013 foi a pior temporada do clube. A equipe quase caiu para a 2ª divisão naquele ano, mas com a chegada de Muricy Ramalho, o mais querido conseguiu subir de posição e terminou na nona colocação. O dono da SPFC News disse que foi um ano nervoso, beirando o rebaixamento.

Apesar de 82 tricolores pesquisados falaram que Fernando Diniz mudou o clube para melhor, Grégori é crítico sobre o trabalho do atual técnico do São Paulo.

“Fernando Diniz para mim é o Calazans dos treinadores. O cara não ganha um título. É um cara que inventa, até tem uma proposta de jogo, mas não é uma proposta vitoriosa. Você olha o jogo os caras estão perdidos, então ele já está fazendo hora extra”.

Pedro é mais otimista em relação ao técnico, ele quer que Fernando fique bastante tempo no clube e que sua filosofia de trabalho dure bastante tempo.

O ponto ápice dessas constantes trocas de técnicos, foi o clube ter colocado o recém aposentado Rogério Ceni como técnico do clube em 2017. Não deu certo. O clube foi eliminado de três competições importantes logo no início do ano no comando dele. Apesar desse fracasso como treinador do São Paulo 116 torcedores acreditam que ele pode fazer sucesso no comando da equipe do Morumbi. O jornalista da SPFC News afirmou durante nossa conversa que o ex camisa 01 teve olho grande, mas acredita que tem possibilidade do técnico voltar e ser sucesso.  Pedro tem o mesmo pensamento que Grégori e a torcida sobre o sucesso que o ídolo fará no São Paulo no futuro e ao falar de Rogério, o jornalista deixou a emoção falar mais alto.

 

 

 

 

 

 

 

Mesmo com as várias mudanças de técnicos no clube alguns treinadores que fazem ótimos trabalhos em outras equipes podem chegar e fazer um bom trabalho dentro de campo. Os jornalistas da SPFC News e da SPFC Eternamente citaram durante o diálogo que Luxemburgo, Felipão, Sampaoli e Renato Gaúcho podem fazer um bom trabalho na equipe do Morumbi, e trazer grandes trunfos para o clube.

“O São Paulo precisa de um treinador que bata de frente e põe a cabeça desses garotos e da equipe como um todo para a vitória.”

Fundo preto e branco aspas Citar Curto (

 

 Investimento em jogadores que não deram o retorno desejado

Na atual gestão o São Paulo faturou mais R$600 milhões com vendas de jogadores. O clube vendeu joias promissoras a preços altos, a exemplo disto está Éder Militão que foi vendido ao Porto de Portugal pelo valor R$17,3 milhões e David Neres que foi negociado por R$ 50 milhões em 2017 para o Ajax da Holanda.

Apesar de ser um bom negociador na hora de vender suas estrelas, o mesmo não pode se dizer quando o clube investe alto em jogadores que não dão o retorno desejado dentro das quatro linhas e acabam virando um grande problema para a instituição.

Nos últimos anos alguns jogadores foram exemplos desse fracasso, alguns deles são, Alexandre Pato, que foi comprado por R$ 35 milhões que iriam ser pagos ao longo dos três anos de contrato, que acabaria em 2022, porém o jogador já não faz mais parte do elenco do clube.

Em 2012 Paulo Henrique Ganso, assinou contrato com o tricolor, depois do Santos aceitar o valor de 23,9 milhões. As inúmeras lesões foram primordiais para afetar o desempenho do atleta em campo.

Quando vendeu Lucas Pratto para o River Plate em 2018, o time do Morumbi comemorou o lucro de R$ 9 milhões na venda do atleta, porém quando foi comprado em 2017 pelo valor de R$ 23,9 milhões do Atlético-MG, se esperava mais do jogador, todavia o mesmo só fez 48 jogos e marcou 14 gols.

Outro que não deu o retorno desejado apesar do lucro na venda foi o zagueiro Maicon, que foi contratado em definitivo após passar pelo clube por empréstimo e salvar o time de uma precoce eliminação na fase de grupos da Libertadores da América. O atleta assinou um contrato por quatro anos e os valores da negociação ultrapassaram a casa dos R$ 20 milhões, contudo o atleta fez apenas 47 pelo clube.

O meia-atacante Ricardo Centurión foi um desejo do técnico Muricy Ramalho, que queria um jogador driblador para equipe, então em 2015 o clube comprou o atleta do Racing da Argentina por R$ 12,7 milhões, porém ele só marcou oito vezes nas 80 partidas disputadas pelo São Paulo.

Clemente Rodríguez custou para o tricolor “apenas” R$3 milhões, contudo o lateral esquerdo entrou em campo três vezes, em dois anos na equipe.

O meia Jadson chegou em 2012 com status de estrela e recebeu a camisa 10 do ídolo Raí, entretanto o que se viu dentro de campo não compensaram os R$ 8,6 milhões investidos no atleta, embora o jogador tenha feito bons jogos na equipe.

Em 2014 o São Paulo anunciou a contratação de Alan Kardec por R$ 14 milhões, que estava emprestado ao Palmeiras, mas pertencia ao Benfica de Portugal. Kardec segue o mesmo exemplo de Jadson, embora tenha feito bons jogos se esperava mais do atleta, das 99 partidas jogadas, o mesmo marcou 25 vezes, por ser centroavante se espera mais de quem atua nessa posição.

Esses atletas são apenas alguns exemplos de maus investimentos que o clube fez na última década.

Infográfico contratações (1).png

 

Na enquete realizada, 35 pessoas indicaram Alexandre Pato como contratação cara que deu prejuízo aos cofres do clube, ou seja, os R$ 35 milhões investidos não surtiram efeito dentro de campo, logo atrás de Pato, 34 pessoas indicaram a contratação de Centurión “furada”.

Durante a entrevista com Pedro Alamino ele disse que o São Paulo contrata jogadores com salários astronômicos e eles não entregam nada dentro de campo. No primeiro momento durante a conversa ele não conseguia indicar apenas um nome que deu prejuízo ao clube, porque para ele são vários, contudo ele indicou Alexandre Pato como a pior contratação, e explicou essa escolha, o mesmo disse que o tricolor contratou o jogador de um time da China e o atleta estava parada há bastante tempo, ganhava quase R$1 milhão por mês e não entregava nada dentro de campo, não tinha um bom desempenho. Sem especificar mais nenhum outro atleta ele completou a fala dizendo que vários jogadores do São Paulo não entregam nada para o futebol.

O jornalista esportivo Grégori Claro mencionou o lateral esquerdo Clemente Rodriguéz, como um dos piores investimentos feitos pelo clube, disse que o clube pagava R$ 400 mil por mês para o atleta não jogar.

“Prejuízos atuais você pode botar que está pagando R$ 1 milhão para Hernanes ficar no banco, fora o Jucilei, um baita prejuízo e o São Paulo até hoje paga R$ 300 mil por mês e vai pagar por mais dois anos e ele não está mais no clube.”

Ele completa a fala dizendo que a diretoria do clube precisa pensar bem antes de contratar esses atletas.

Todas as contratações feitas pelo São Paulo nos últimos anos têm o comando do ex meia Raí, que o ocupa o cargo de Executivo de Futebol desde 2017. Algumas dessas contratações deram certo, porém outras não, o que pôde ser visto durante as entrevistas é que o profissional não é uma unanimidade.

Anderson Costa falou que contratação não é a vocação dele. O diretor de Marketing disse que o mesmo contrata vários jogadores por milhões e não utilizada, a exemplo disso tem o Pato. O torcedor também fala das trocas que algumas vezes não dão certo, ele finaliza dizendo que esse tipo de jogada é arriscar na sorte.

Grégori fala que o trabalho do Executivo é 8 ou 80, pois teve contratações de jogadores importantes, mas que não deram certo por um motivo ou outro, por exemplo, Pato, Daniel Alves e Pablo. Outros jogadores, como, Kieza, Calazans e Everton Felipe que o jornalista considera como erros. Para ele Raí fez várias contratações erradas.

“É isso que eu critico o São Paulo, não pode ficar brincando de futebol manager, jogar o dinheiro em qualquer jogador e tchau.”

O dono da SPFC Eternamente vai mais longe quando o assunto é Raí, ele disse durante o papo que o profissional está muito mal, e falou que ele está sendo  muito criticado pela torcida, jornalistas e manchando a imagem do São Paulo, ele também desaprova a postura do executivo diante derrotas.

Fundo preto e branco aspas Citar Curto (

 

A torcida e sua parcela de culpa​

A torcida do São Paulo é conhecida por acompanhar a equipe em todos os lugares do Brasil e da América do Sul, para empurrar o time em rumo a vitórias em todos os campeonatos que disputa.

Contudo, muitas vezes esse amor todo acaba passando dos limites e várias vezes um jogador que poderia ser essencial para o sucesso do clube acaba sendo sufocado pela torcida.

Alguns atletas que passaram pelo clube nesta última década são odiados pelos torcedores, entre eles, o zagueiro Lúcio, em 2013 foi contratado para resolver os defensivos, contudo teve muitos erros dentro de campo e torcida não perdoou, o estopim foi uma expulsão em um jogo da Libertadores contra o Atlético-MG no mesmo 2013.

Michel Bastos é um jogador que teve vários momentos ótimos com a camisa do tricolor, todavia no final de 2015 e começo de 2016 caiu de produção e foi outro jogador cobrado, mas o atleta não deixou barato em uma partida contra o Sport em 2016 após fazer o gol pediu para os torcedores fazerem silêncio.

Um dos casos mais sérios que aconteceu foi envolvendo o meio campista Oscar, que é formado nas categorias de base do time, e saiu depois de uma disputa judicial em 2010, e desde então o mesmo é chamado de Judas pela galera.

Em outubro de 2020 depois de empatar com o Coritiba uma das organizadas do clube foi em frente ao CT da Barra Funda protestar e os mais cobrados foram o presidente Leco, o técnico Fernando Diniz, o executivo de futebol Raí e os jogadores Arboleda e Daniel Alves. Apesar de ter sido um protesto pacífico algumas partes do protesto saiu um pouco do tom e ofenderam diretamente profissionais.

"Ô Daniel, quebra meu galho, vai tocar samba lá na casa do c..."

"Ô Arboleda, toma vergonha, sai do São Paulo e vai jogar lá na Colômbia"

Essas foram alguns das frases proferidas pela torcida tricolor nos últimos tempos.

 

Muitas vezes esses protestos começam pela falta de transparência entre clube e torcedor, a profissional de marketing Cinthia Cotait foi enfática ao falar durante a conversa que essa é a melhor falha do futebol moderno, pois agora todos têm acesso a todos os tipos de informação e não tem como esconder nada de ninguém.

“Antes o torcedor era comandado, hoje ele comanda. O processo se inverteu e muitos gestores ainda não perceberam. Não existe espaço para mentiras.”

No diálogo também foi falado em como pode ser mudada a imagem de um jogador que foi massacrado, ela disse que é um trabalho em equipe, que envolve muitos profissionais desde psicólogos a comunicação social. Cotait tinha alguns mecanismos quando trabalhava no São Paulo, por exemplo, não usava a imagem de jogador fragilizado após uma derrota, mas em oportunidades positivas fazia questão de usar o atleta como imagem.

“Temos que dar tempo ao tempo e entender que tudo tem o momento certo para trabalhar a imagem dele.”

A psicóloga esportiva Rebeca Zani explicou como esses ataques dos torcedores mais prejudicam do que beneficiam os atletas em campo. Ela diz que o jogador precisa entender que a torcida é importante e faz parte do dia a dia do clube, contudo ela não pode definir o quão bom ele é dentro de campo.

“A atleta precisa entender as suas emoções e pensamentos para que não seja prejudicado em campo e pela torcida.”

Em outro ponto do bate-papo ela fala sobre ódio que muitos torcedores espalham pela internet e que profissional do futebol precisa conversar com um psicólogo e com a comissão técnica para falar o que está acontecendo.

Fundo preto e branco aspas Citar Curto (

 

Falta de aproveitamento de atletas das categorias de base

O Centro de Formação de Atletas Presidente Laudo Natel, conhecido como CT Cotia é conhecido como celeiro de craques, de lá saíram grandes jogadores que hoje fazem sucesso em grandes equipes do Brasil e da Europa. Rodrigo Caio, Fábio Santos, Casemiro, Hernanes, Oscar, Kaká e Lucas Moura são alguns exemplos de crias da casa.

PAF_9353.JPG

CT Cotia, celeiro de craques/ Imagem cedida pelo SPFC/ Créditos: saopaulofc.net

 

Embora grandes nomes do futebol mundial tenham passado pelo tricolor nos últimos anos muitos atletas que poderiam ajudar na recente história do clube, nem sequer tiveram a chance de ajudar o time dentro de campo e foram vendidos para equipes europeias.

O atacante Luiz Araújo, começou em 2013 na base no São Paulo e em 2016 foi campeão e artilheiro da Copa Libertadores da América Sub-20. Estreou na equipe principal no Brasileirão do mesmo ano em um jogo contra o Cruzeiro. Pelo clube fez apenas 51 partidas e marcou nove vezes e em junho de 2017 foi vendido para o Lille da França.

David Neres chegou ao Morumbi ainda criança com apenas 10 anos, em 2007. Seu primeiro jogo pelo profissional aconteceu quase 10 anos depois, em 2016, também pelo Campeonato Brasileiro. O ponta jogou oito partidas e marcou três gols e logo foi vendido para o Ajax da Holanda por R$ 50 milhões. Agora o atleta já fez mais 120 jogos pelo Ajax e marcou 36 gols e é frequentemente convocada para jogar na seleção brasileira.

Lyanco Evangelista é um exemplo de atleta que poderia ajudar mais na equipe, já que um dos principais problemas do clube é a parte defensiva. O zagueiro pouco teve oportunidade no time de cima, em quase dois anos fez só 25 jogos e em 2017 foi vendido por R$ 20 milhões ao Torino da Itália.

Outro atleta chamado muitas vezes por Tite para vestir a camisa verde e amarela é Éder Militão. O jogador ficou entre 2012 e 2017 nas categorias de base e em 2017 subiu para o principal, contudo jogou apenas uma temporada e em 2018 foi vendido para o Porto de Portugal. Hoje, o zagueiro faz parte do elenco do Real Madrid, uma das maiores equipes do futebol mundial.

Em 2019 o São Paulo vendia o zagueiro Morato por R$ 27,3 milhões ao Benfica de Portugal, essa foi a venda mais cara que o clube fez de um zagueiro nos últimos 10 anos, e o que foi mais impactante na transação é que o atleta ao menos fez uma partida pelo profissional do São Paulo.

Este ano de pandemia de COVID-19 poderia servir de exemplo para a valorização de atletas do CT Cotia, e uma das esperanças para o time conquistar títulos em 2020 era o ponta direita Antony, porém depois nove anos na base e uma temporada no principal o atleta foi vendido para Ajax, por valores que chegam a R$ 134 milhões, que inclui R$ 74 milhões pelo atleta, R$ 28 milhões por metas cumpridas e R$ 32 milhões de revenda futura. Na enquete 66 dos 122 torcedores apontaram que atleta é o que mais faria sucesso no internacionalmente e despontaria mais fácil.

infográfico_Base_do_SPFC_(1).png

 

Nas entrevistas com Bia Amorim e João Paulo Romero eles seguiram a mesma linha de raciocínio sobre contratações externas ou aproveitar jogador formados pelo clube. Os dois afirmaram que para um resultado a longo prazo e baixo custo é preciso investir nos jovens atletas criados na equipe, mas eles são enfáticos e disseram que esse é um trabalho longo, demorado e precisa de paciência de todas as partes desde a diretoria até a torcida, porém se o clube é imediatista e não pensa no depois investimentos em jogadores já rodados é a maneira mais viável de títulos.

Anderson Costa acredita que o clube precisa valorizar os atletas da base, para ele existem jogadores muito bons em Cotia e que precisam ser mais valorizados.

“O aproveitamento de um jogador que é nascido e criado no clube é outro. É diferente.”

Pedro Alamino falou na entrevista que o clube tem a melhor base do Brasil, com jogadores que fazem sucesso na Europa, mas ultimamente o São Paulo não está administrando muito bem, principalmente na gestão do Leco. O jornalista deu alguns exemplos de atletas que poderiam ser aproveitados no principal, mas nunca jogaram, como, Gustavo Maia e Morato.

“São jogadores que poderiam dar glórias ao São Paulo Futebol Clube no elenco principal. As promessas são boas, mas atual diretoria não valoriza.”

Grégori Claro é mais crítico com os atuais jogadores prata da casa. O jornalista não vê ninguém se destacando, os pontos negativos vão para Igor Gomes, Helinho, Paulinho Boia e Lizieiro. Para o jornalista muitas vezes o atleta sobe cru para o principal e sem o menor preparo, por pressão de empresário.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fundo preto e branco aspas Citar Curto (

 

O que o futuro reserva para o tricolor paulista​

A partir de 2021 o clube terá um novo presidente e possivelmente uma nova diretoria, que precisará o olhar e fazer com que o São Paulo volte para as glórias, mas é preciso trabalho pesado e responsável. Na enquete muitos torcedores falaram que é preciso pessoas dentro do clube que amem o São Paulo de verdade e que façam um trabalho bem feito, sério e responsável. A maioria também falou ser preciso mudar a gestão administrativa e com transparência é possível fazer um tricolor melhor para o futuro.

Pedro é otimista sobre o futuro, contudo disse que para voltar a ser o São Paulo que todos nós conhecemos ele acredita que demorará uns três anos, mas com a saída do Leco ele confia que o caminho será mais fácil.

“O que eu quero e desejo para o futebol do São Paulo é que mais rápido possível e da melhor forma volte a conquistar os títulos que o São Paulo sempre conquistou e volte a ser o clube que todo mundo conhece.

Grégori também vê que é preciso uma gestão séria, profissional, que pensa no clube, mas ele diz que é preciso primeiro arrumar a casa, para que depois isso seja visto dentro de campo.

“O clube precisa a ser o que era antes, um modelo de gestão que todos se inspiravam e um time vitorioso. Desejo que o clube volte a conquistar títulos, para que a paz volte a reinar no Morumbi.”

ELIMINAÇÕES DO SÃO PAULO NOS ÚLTIMOS ANOS

bottom of page